
Por Jorge Aragão – 04 de setembro de 2024
Em uma era onde a informação é instantânea e a comunicação é reduzida a caracteres e emojis, a sabedoria de Johann Wolfgang von Goethe nunca foi tão pertinente: “Falar é uma necessidade, escutar uma arte.” A juventude de hoje, imersa em um mar de estímulos digitais, frequentemente se vê presa em um ciclo de reação imediata, onde o ato de falar, ou melhor, de postar, tweetar ou comentar, se tornou a norma. No entanto, a arte de escutar, de verdadeiramente absorver e refletir sobre o que é dito ou escrito, parece estar em declínio.
A imediatidade da comunicação moderna nos empurra para uma cultura de resposta rápida, onde a reflexão é substituída pela reação. Antes mesmo de compreenderem plenamente um texto ou uma ação, muitos já estão prontos para atacar, criticar ou julgar. Essa tendência não apenas empobrece o diálogo, mas também impede o crescimento pessoal e coletivo.
Escutar, como Goethe sugere, é uma arte. Requer paciência, empatia e a capacidade de suspender julgamentos até que todas as nuances sejam compreendidas. É um ato de respeito tanto para com o outro quanto para consigo mesmo, pois nos permite aprender, crescer e, muitas vezes, encontrar pontos de concordância onde inicialmente só víamos discordância.
A juventude, com sua energia e paixão, tem o potencial de transformar essa tendência. Ao resgatar a arte de escutar, pode-se criar um espaço onde o diálogo verdadeiro floresce, onde as ideias são exploradas em profundidade e onde a compreensão mútua pode ser alcançada. Em um mundo que clama por conexão genuína, talvez a maior revolução seja justamente essa: ouvir antes de falar, refletir antes de reagir.
Assim, a mensagem de Goethe se torna um lembrete poderoso para a geração atual: falar é necessário, mas escutar é arte. E como qualquer arte, exige prática, dedicação e, acima de tudo, um coração aberto.
Jorge Aragão – 04 de setembro de 2024
Consultor em segurança | Análises políticas e projeções bélicas | Criador de conteúdo | Ex-IMBEL | Voz ativa nas discussões sobre o Brasil contemporâneo